Cuiabá vive uma situação preocupante no que diz respeito ao descarte de lixo e materiais inservíveis. Atualmente, a cidade conta com apenas um ecoponto em funcionamento e apenas quatro caminhões Cata-Treco para atender toda a população. A falta de estrutura adequada tem causado sérios problemas, como o acúmulo de lixo em terrenos baldios, córregos e praças, o que, no período de chuvas, agrava ainda mais a situação com entupimento de bueiros e alagamentos. Além disso, esses locais se tornam focos de doenças como a dengue e a chikungunya.
Os bairros mais afetados pela falta de opções adequadas de descarte incluem o Parque Atalaia, Santa Terezinha, CPA, Pedra 90, Coxipó e Tijucal, onde se observa uma grande quantidade de lixo variado, como plásticos, sofás, eletrodomésticos velhos e até mesmo animais mortos.
Atualmente, o único ecoponto público e gratuito disponível está no bairro CPA 3, na antiga Associação de Carroceiros. Neste local, a população pode descartar materiais como móveis velhos, eletrodomésticos quebrados, entre outros, mas não é possível descartar itens como galhos, folhas, pneus e animais mortos. Embora a previsão fosse de que mais 12 ecopontos fossem criados em 2022, visando uma política de reciclagem, essa promessa ainda não foi cumprida.
O ecoponto do CPA 3, apesar de essencial, é insuficiente para atender toda a demanda da cidade. Muitas pessoas, como a moradora do Jardim Imperial, Claudete Costa, precisam percorrer grandes distâncias para descartar seus resíduos. Ela relata que, para ir ao ecoponto, costuma percorrer mais de 12 km. “Eu venho porque não tem outro lugar. Acumulo tudo em casa até ter o volume suficiente para me deslocar até aqui”, explica. Claudete destaca a dificuldade de ter que percorrer tantas distâncias e acredita que a prefeitura deveria investir na criação de mais ecopontos, especialmente em outras regiões da cidade, para resolver o problema do acúmulo de lixo.
Benedito Moura, gerente do ecoponto do CPA 3, confirma que a falta de pontos de descarte na cidade tem gerado constantes reclamações, especialmente de carroceiros e profissionais de frete, que têm dificuldades devido à distância e à limitação do que pode ser descartado no local.
O carroceiro Jair Arcanjo, por exemplo, precisou interromper a remoção de galhos e mato de terrenos, pois esses materiais não são aceitos no ecoponto, sendo necessário levar até o aterro, localizado no Pedra 90, uma longa distância para quem trabalha com carroças. Além disso, ele relata que, devido à distância, os valores que cobra pelo serviço precisariam ser ajustados, tornando o serviço mais caro.
Com essa realidade, a população de Cuiabá continua a enfrentar dificuldades para descartar de forma adequada os resíduos gerados no dia a dia, o que contribui para o agravamento de problemas urbanos e ambientais. A criação de mais ecopontos, juntamente com melhorias na infraestrutura de coleta de lixo, é uma necessidade urgente para garantir um futuro mais sustentável e saudável para todos os cuiabanos.