Fonte: JUINA NEWS
Indígenas da etnia Cinta Larga ocuparam pacificamente o prédio da Fundação Nacional do Índio (FUNAI) em Juína, no Mato Grosso. O protesto visa pressionar as autoridades para obter respostas sobre a invasão de suas terras por membros da etnia Sabanê. O protesto foi realializado na manhã desta quarta-feira (17).
Valdomiro Cinta Larga, um dos líderes do movimento, concedeu entrevista para esclarecer os motivos da ocupação. Segundo ele, há cerca de 15 dias, os Cinta Larga foram surpreendidos pela invasão de suas terras no município de Vilhena, Rondônia. “Queremos explicações da FUNAI, tanto de Brasília quanto das coordenações locais em Vilhena, Cuiabá e Cacoal. Precisamos de respostas sobre essa invasão”, afirmou Valdomiro.
Ele destacou que a área invadida, que pertence ao Parque Aripuanã, tem cerca de 2,2 milhões de hectares, dos quais aproximadamente 20 mil hectares foram tomados pelos Sabanê. “Estamos revoltados com essa situação e esperamos uma resposta das autoridades”, disse.
Valdomiro também mencionou que, até o momento, não houve contato direto com os Sabanê, mas que os Cinta Larga estão se organizando para ir ao local da invasão, caso não obtenham respostas. “Nossa manifestação é pacífica, mas, se não tivermos uma resposta, poderemos ir até as terras, e pode haver confronto”, alertou.
Em resposta ao protesto, o coordenador da FUNAI em Juína, Marcelo Manhuari Munduruku, explicou que o órgão tem buscado manter o diálogo entre as populações indígenas da região. Ele esclareceu que a invasão se deve a um processo iniciado em 2000 e finalizado em 2022, que destinou parte do território Cinta Larga aos Sabanê
Segundo Marcelo, o processo foi decidido rapidamente, sem considerar a participação dos Cinta Larga, o que gerou revolta. “Estamos dando apoio técnico e explicações aos Cinta Larga, mas a situação está difícil. Precisamos de uma resposta de Brasília sobre o mandado de segurança para retirar os Sabanê de lá”, comentou
O coordenador também expressou preocupação com a possibilidade de confronto caso os Cinta Larga decidam ir até as terras invadidas. “Sem uma resposta imediata, fica difícil segurar os Cinta Larga. Estamos fazendo o possível para manter a paz, mas a falta de posicionamento de Brasília é preocupante”, disse.
Suspensão do expediente
Em apoio ao protesto, o expediente na FUNAI de Juína foi suspenso. Marcelo explicou que outros povos indígenas da região têm manifestado apoio ao movimento dos Cinta Larga. “Atendemos nove povos, e muitos estão apoiando o manifesto. Nosso papel é atender a população indígena e buscar garantir seus direitos”, finalizou.