O drama vivido pelo pai do prefeito de Jangada, Edson Joel Meira, de 57 anos, ganha contornos impressionantes com os detalhes que emergem. Os sequestradores inicialmente exigiram um resgate de R$ 70 mil, mas o caminho até a liberdade foi cheio de reviravoltas.
Segundo informações da polícia, o tormento começou com um pedido inicial de resgate no valor de R$ 1.000. Posteriormente, a cifra foi elevada para R$ 2.000. A família cedeu a essa demanda, mas o pesadelo estava apenas começando. Os sequestradores continuaram a elevar o valor, chegando a uma quantia de R$ 70.000.
Edson, no entanto, encontrou uma coragem indomável em meio à adversidade. Dentro do cativeiro, ele avistou uma garrafa de vidro e, valendo-se dela como arma, ameaçou um dos criminosos, que estava desarmado. Este gesto audacioso lhe deu uma chance de escapar. Sem mais delongas, percorreu cerca de 7 km a pé até alcançar uma área habitada, onde, finalmente, pôde pedir ajuda.
O delegado Guilherme Belão, da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) em Cuiabá, relatou o desenrolar do ocorrido. Segundo suas palavras, o cativeiro mantinha Edson sob vigilância de dois criminosos, um deles armado e o outro desarmado. A oportunidade surgiu quando o criminoso armado saiu em busca de água, deixando Edson sozinho. A vítima, determinada a libertar-se, quebrou a garrafa de vidro, conseguiu soltar-se e confrontou o segundo sequestrador, que, amedrontado, fugiu apressadamente.
Mesmo sob o efeito de medicamentos forçados pelos sequestradores, Edson não hesitou em buscar sua liberdade. O confronto e a fuga pelo matagal transformaram um cenário de pesadelo em uma história de coragem e sobrevivência.
Até o momento, três dos envolvidos foram capturados, sendo dois em Nova Marilândia, que seriam responsáveis por extorquir a família da vítima, e uma mulher em Nova Olímpia, que recebeu R$ 1.000 em sua conta bancária, parte do resgate pago pela família. As autoridades continuam a busca por outros oito indivíduos envolvidos no crime.
O sequestro ocorreu por volta da 1h de domingo, quando os criminosos invadiram a fazenda onde Edson se encontrava. A polícia foi oficialmente informada do desaparecimento ao meio-dia, e a notável fuga da vítima aconteceu por volta das 16h.
O delegado esclareceu que, até o momento, não há indícios de motivação política para o crime. Acredita-se que os criminosos, devido ao fato de Edson ser pai de um prefeito, erroneamente supuseram que ele possuía bens e recursos substanciais em contas bancárias, o que teria motivado o sequestro.
Na manhã seguinte, a polícia planeja reconstituir o trajeto da fuga de Edson para identificar o cativeiro onde ele foi mantido refém, lançando luz sobre os detalhes desse enredo de superação.