Em uma audiência de instrução na capital, um incidente invulgar ocorreu quando a mãe da vítima foi detida pelo juiz Wladimir Perri, da 12ª Vara Criminal de Cuiabá. Isso aconteceu após ela expressar ao réu que, embora ele possa ter escapado da justiça dos homens, não escaparia da justiça divina. O incidente ocorreu em setembro, mas ganhou destaque nas redes sociais após a divulgação de um vídeo.
Silvia Barbosa é a mãe de Cloeverton Oliveira Barbosa, que, segundo o Ministério Público, foi assassinado em setembro de 2016 com uma arma de fogo em circunstâncias que dificultaram sua defesa. O réu, Jean Richard Garcia Lemes, está atualmente em liberdade.
De acordo com a promotora de Justiça Marcela Faria, a situação começou quando Silvia Barbosa, a mãe da vítima, foi questionada se se sentia constrangida em prestar depoimento na presença do réu. Ela respondeu afirmando que o réu não representava nada para ela. Isso levou o advogado do réu a pedir “urbanidade”.
Nesse momento, o juiz interferiu e pediu que a mãe da vítima mantivesse a calma e a objetividade. A mãe respondeu que era sensata e decidiu que não queria mais depor na audiência de instrução.
Segundo a promotora, o Ministério Público acredita que o juiz deveria ter acolhido o desejo da mãe de ser ouvida, especialmente considerando as circunstâncias difíceis pelas quais estava passando. No entanto, o magistrado optou por encerrar a audiência, o que resultou em um atrito.
Quando a audiência já estava encerrada, Silvia se aproximou do réu e disse algumas palavras, que não puderam ser ouvidas devido à distância do microfone. Imediatamente, o juiz a deteve e declarou que ela estava presa.
O Ministério Público entrou imediatamente com um pedido de habeas corpus para evitar a prisão da mãe da vítima, que foi concedido pela Justiça. Durante a investigação na delegacia, a promotora questionou Silvia sobre o que ela disse ao réu, e Silvia explicou que não o ameaçou, mas simplesmente disse que ele poderia escapar da justiça dos homens, mas não da justiça divina.
A promotora destacou que a mãe da vítima já havia passado por um processo de superação após a morte do filho, incluindo uma batalha contra a depressão. Ela chegou à audiência já emocionalmente abalada pela dor da perda. Por conta dessa resposta emocional, o juiz interrompeu sua fala, fazendo demandas que eram difíceis de atender em sua condição emocional.