Nesta sexta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar veementemente as altas taxas de juros praticadas no Brasil e expressou sua desaprovação pela atuação do atual presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Durante uma cerimônia em Fortaleza que celebrava programas de microcrédito produtivo e orientado do Banco do Nordeste (BNB), o ex-presidente Lula deixou claro que a luta pela redução dos juros continuará.
Lula declarou que, apesar de algumas melhorias recentes, as taxas de juros ainda estão em patamares elevados. Ele observou que uma taxa de 2,16% ao mês se traduz em quase 30% ao ano devido ao juro sobre juro, tornando os empréstimos e financiamentos inacessíveis para muitos brasileiros.
No entanto, o presidente também enfatizou a importância de manter a estabilidade do sistema financeiro, afirmando que não deseja a falência dos bancos, pois isso prejudicaria ainda mais a economia. Ele destacou que instituições como a Caixa Econômica Federal, o Banco do Brasil, o Basa, o BNB e o BNDES devem desempenhar um papel fundamental na oferta de crédito acessível e investimento em setores estratégicos da economia.
Lula também aproveitou a oportunidade para destacar a autonomia do Banco Central e sua falta de influência sobre o atual presidente, Roberto Campos Neto. Ele enfatizou que não há mais interferência da Presidência da República nas decisões do Banco Central e que Campos Neto deve responder a quem o indicou.
O ex-presidente sugeriu que a sociedade brasileira, ao longo do tempo, descobrirá se as ações do presidente do Banco Central foram benéficas ou prejudiciais ao país, deixando claro que não está satisfeito com a direção atual.
Enquanto o debate sobre as taxas de juros no Brasil continua, os dados recentes do Banco Central mostram uma tendência de queda nas taxas médias praticadas pelos bancos. Esse movimento ocorre em paralelo à expectativa de redução da taxa básica de juros da economia, a Selic, que está em curso para conter a inflação.
Apesar desses esforços, o crédito rotativo do cartão de crédito ainda permanece em níveis alarmantes, com uma taxa de 445,7% ao ano em julho. O Banco Central já está estudando medidas para reformular essa modalidade de crédito, considerada uma das mais onerosas para os consumidores brasileiros.