Alarmante: Mais de 176 mil famílias em Cuiabá endividadas
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Um cenário de preocupação se desenha em Cuiabá, onde o número de famílias endividadas atingiu um patamar alarmante. Segundo um levantamento realizado pela Confederação Nacional de Comerciário de Bens, Serviços e Turismo (CNC), em análise pelo Instituto de Pesquisa da Fecomércio (IPF-MT), o percentual de famílias que afirmaram estar endividadas aumentou 2,5 pontos percentuais (p.p.) em julho em comparação com o mês anterior, totalizando 86,2%. Isso equivale a mais de 176,3 mil famílias na capital mato-grossense.
Os números revelam que, dentre as famílias endividadas, 26,8% possuem contas em atraso, um acréscimo de 0,1 p.p. em relação ao mês anterior. Além disso, 6% das famílias declararam não ter condições de pagar suas dívidas, representando um aumento de 0,5 p.p. em relação ao mês anterior.
O presidente da Fecomércio-MT, José Wenceslau de Souza Júnior, destacou que o crescimento da inadimplência traz um alerta para a economia local. Ele ressaltou que a inadimplência, observada desde março, pode estar associada à diminuição na geração de empregos. Porém, o mês de junho registrou um saldo considerável de novos empregos, o que pode contribuir para estabilizar ou até reduzir o número de famílias com contas em atraso, impulsionando, dessa forma, a economia cuiabana.
A pesquisa também revelou que o cartão de crédito continua sendo a principal fonte de dívidas para 81% das famílias na capital. Em seguida, os carnês representam 29,3%. Logo atrás vêm o crédito consignado (6,1%), financiamentos de carro (4,2%) e financiamentos de casa (4,1%). Quanto ao nível de endividamento, 40,1% se consideram pouco endividados, 35,2% mais ou menos endividados, e 10,8% muito endividados.
Ao analisar o endividamento anual das famílias na capital, observa-se que 74% delas estavam endividadas em julho do ano passado, um aumento de 12,2 p.p. em relação ao mesmo período de 2022. Em relação às famílias com contas em atraso, o índice atual está 2,2 p.p. menor em comparação com julho do ano passado, quando 29% delas estavam nessa condição. A variação também é negativa em 0,9 p.p. em relação a julho de 2022 para as famílias que afirmam não ter condições de pagar.
A média de atraso nos pagamentos em julho deste ano é de 46 dias, três dias a mais do que o mês anterior e nove dias a menos do que o registrado no mesmo período do ano passado. Entre as famílias inadimplentes, 28,8% afirmam estar comprometidas com dívidas há mais de um ano, um aumento de 1,8 p.p. em relação a junho. Além disso, 25,6% têm dívidas entre 3 e 6 meses, e 23% possuem dívidas entre 6 meses e um ano.
O IPF-MT ressalta que a manutenção da taxa básica de juros (Selic) em patamares elevados no último ano também contribuiu para o aumento da inadimplência, dificultando a quitação de dívidas pelas famílias.
José Wenceslau de Souza Júnior conclui que o novo programa do governo federal, o “Desenrola”, pode auxiliar na contenção do aumento da inadimplência observado nos últimos meses. Ele aponta que medidas para combater a inadimplência, visando à quitação de dívidas das famílias, podem ser ferramentas que beneficiam a população cuiabana, oferecendo acesso ao crédito e contribuindo para a retomada do consumo na região.
A nível nacional, o percentual de famílias brasileiras endividadas é de 78,1%, uma redução de 0,4 p.p. em relação a junho. Entre elas, 32% se consideram pouco endividadas, 27,9% mais ou menos endividadas e 18,2% muito endividadas. Mais de 12,9 milhões de famílias possuem algum tipo de dívida.
por Paulo Ricardo – MT de Fato